A linfocitose consiste no aumento da contagem sanguínea de linfócitos – as células brancas com função de defesa do organismo -, acima do esperado para um indivíduo sadio da mesma idade. A condição é comum nas infecções virais, mas em alguns casos pode indicar o desenvolvimento de uma das doenças linfoproliferativas.
Ao longo deste artigo, saiba mais sobre esta alteração sanguínea, quando ela indica a necessidade de um diagnóstico mais aprofundado, e com quais doenças pode estar relacionada.
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Em que Consiste a Linfocitose
Um tipo de glóbulo branco no corpo é conhecido como linfócito. Existem muitos tipos diferentes de linfócitos que, como outros glóbulos brancos, desempenham um papel no combate às infecções.
Ao se deparar com uma infecção, o número de linfócitos se multiplicará para ter um número maior de células para combater o organismo invasor. Esse aumento de linfócitos geralmente ocorre em estruturas conhecidas como linfonodos ou gânglios linfáticos.
Os gânglios linfáticos estão localizados em todo o corpo e coletam amostras de fluidos dos tecidos e órgãos circundantes para determinar se uma infecção está ocorrendo. Se uma infecção for encontrada, os linfócitos irão amadurecer e se multiplicar dentro do linfonodo como parte de uma resposta imunológica normal.
Você ou seu médico podem detectar essa ativação observando nódulos linfáticos aumentados em um exame físico ou por um exame de sangue que indica o aumento do número de linfócitos. Uma vez eliminada a infecção, os linfonodos voltam ao tamanho normal e o número de linfócitos retorna ao nível anterior à infecção.
Embora um aumento de linfócitos seja parte de uma resposta imunológica normal, existem algumas doenças que resultam em um aumento anormal de linfócitos. Esses distúrbios são conhecidos como doenças linfoproliferativas e resultam de um defeito no sistema imunológico que normalmente impediria a produção descontrolada de linfócitos.
Sintomas da Linfocitose
A contagem elevada de linfócitos não apresenta sinais e sintomas diretamente atribuíveis a esta condição. A manifestação dos sintomas depende de suas causas, assim como o estado do sistema imunológico do organismo.
Por exemplo, sintomas de febre, faringite, cansaço e aumento do volume do baço, juntamente com a linfocitose, podem levantar a suspeita de mononucleose infecciosa. Já a condição presente em um paciente idoso que também apresenta anemia e trombocitopenia, causaria a suspeita de leucemia linfocítica crônica.
O tratamento, na realidade, não é para a linfocitose, e sim para a sua causa. Em regra, após a cura ou controle da doença relacionada aos níveis aumentados de linfócitos, eles se normalizam.
Doenças Linfoproliferativas
As doenças linfoproliferativas representam uma categoria de distúrbios amplamente diferentes que variam em sua apresentação clínica, gravidade, tempo de início e tratamento.
Seu médico pode estar preocupado com uma doença linfoproliferativa se você tiver:
- Aumento inexplicável dos gânglios linfáticos ou órgãos linfáticos associados (baço ou fígado);
- Febre sem uma fonte infecciosa identificada;
- Alterações no hemograma;
- Infecções frequentes ou graves;
- História familiar de um distúrbio linfoproliferativo.
A presença de um ou mais desses sintomas não significa que você tenha um distúrbio linfoproliferativo, pois pode ser uma resposta normal a uma infecção.
As principais doenças linfoproliferativas são a Leucemia Linfocítica Crônica e os Linfomas. Estas doenças hematológicas malignas apresentam uma diversidade de sintomas e de evolução clínica. No entanto, caracterizam-se principalmente pela linfocitose crônica.
Leucemia Linfocítica Crônica
É a forma mais comum de leucemia na população adulta. A linfocitose persistente apresenta evolução lenta, ocorrendo envolvimento do sangue periférico, medula óssea e baço.
A diferenciação desta leucemia com as demais doenças linfoproliferativas crônicas é baseada em análise de DNA, da estrutura celular, dos marcadores imunológicos destas células, assim como da presença de anormalidades genéticas.
Linfomas
Os Linfomas constituem um grupo de doenças linfoproliferativas, com diversos tipos, cada um com origem numa fase diferente da maturação do linfócito, com comportamento biológico variável.
Os tipos de linfoma mais frequentes são o Linfoma de Hodgkin e os Linfomas não Hodgkin. Em sua maioria, sua origem se dá nos gânglios linfáticos, mas podem surgir em qualquer localização, dada a abrangência do sistema imunológico.
Quando a Linfocitose Pode Indicar uma Doença Linfoproliferativa
A linfocitose, em sua essência, resulta de situações em que é necessária uma maior quantidade de linfócitos na corrente sanguínea. Como exemplo, temos a prática de exercícios intensos, estresse grave e anormalidades endócrinas.
Nestes casos, a linfocitose pode ocorrer sem alterações na estrutura das células. No entanto, nas infecções bacterianas e virais, pequenas alterações nos linfócitos são mais frequentes.
Por este motivo, ao realizar um diagnóstico mais apurado da linfocitose, é importante considerar não apenas a contagem de células, mas realizar também uma avaliação citológica, que pode demonstrar se existem alterações na estrutura destas células.
Nas doenças linfoproliferativas, a linfocitose geralmente é causada pela presença de células linfoides em proporções consideráveis no sangue.
Na maioria das vezes, estes linfócitos neoplásicos apresentam anormalidades em sua estrutura celular, com exceção da Leucemia Linfocítica Crônica, na qual os linfócitos podem ser indistinguíveis de células normais.
Minha Contagem de Linfócitos está Elevada – E Agora?
Alterações na contagem de linfócitos, diagnosticadas por meio do hemograma, não são motivos para preocupação. Seu médico pode verificar se existem outros sintomas que indiquem a presença de uma infecção e prescrever o tratamento, se necessário.
Devemos dar uma maior atenção quando o quadro é persistente. Neste caso, outros exames são solicitados, para identificar a causa desta condição. Se você tem alguma dúvida sobre a conduta médica em relação aos resultados dos seus exames de sangue, é válido consultar o médico hematologista.
Artigo Publicado em: 3 de jan de 2019 e Atualizado em 14 de maio de 2021