A frequência de distúrbios hematológicos em doenças autoimunes é mais alta entre todas as outras condições. Os distúrbios hematológicos em pacientes com doenças autoimunes são desafios que exigem atenção especializada. O hematologista desempenha um papel fundamental no diagnóstico, tratamento e acompanhamento desses pacientes.
Continue a leitura deste artigo e saiba mais sobre o papel do médico hematologista no acompanhamento desses pacientes para a melhora da qualidade de vida e a prevenção de complicações graves.
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Como as Doenças Autoimunes Afetam o Sangue
As doenças autoimunes ocorrem quando o sistema imunológico, que normalmente protege o corpo contra infecções e agentes externos, passa a atacar os tecidos e células saudáveis. Essas doenças podem afetar diferentes órgãos e sistemas do corpo, incluindo o sistema hematológico, responsável pela produção e funcionamento do sangue.
Aumentando a complexidade do quadro está o efeito potencialmente adverso nas contagens sanguíneas de muitos dos medicamentos modificadores da doença usados para o tratamento de condições como artrite inflamatória e artrite psoriática.
O impacto no sistema hematológico pode variar dependendo da doença autoimune e da sua gravidade. Algumas alterações comuns incluem:
- Anemia hemolítica autoimune (AHAI): O corpo produz anticorpos que atacam e destroem os glóbulos vermelhos, levando à anemia;
- Trombocitopenia imune (PTI): As plaquetas, essenciais para a coagulação, são destruídas pelo sistema imunológico, aumentando o risco de sangramentos;
- Neutropenia autoimune: Os neutrófilos, um tipo de glóbulo branco responsável pelo combate a infecções, são reduzidos devido ao ataque autoimune;
- Síndrome antifosfolípide (SAF): Causa a formação de coágulos sanguíneos, aumentando o risco de tromboses.
Essas condições podem ser isoladas ou coexistirem com outras manifestações autoimunes, como no lúpus eritematoso sistêmico (LES) ou na artrite reumatoide.
Principais Doenças Autoimunes Relacionadas a Distúrbios Hematológicos
Diversas doenças autoimunes podem causar impacto significativo no sangue e na medula óssea. Aqui estão algumas das mais comuns:
- Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES): Pode levar à anemia hemolítica autoimune, trombocitopenia e leucopenia. Também está associado à síndrome antifosfolípide, que aumenta o risco de tromboses.
- Artrite Reumatoide: Além de causar anemia por doença crônica, pode desencadear síndrome de Felty, uma condição que associa artrite reumatoide grave a neutropenia e esplenomegalia (aumento do baço).
- Doença de Graves e Tireoidite de Hashimoto: Ambas as doenças autoimunes da tireoide podem estar associadas à anemia por deficiência de vitamina B12, além de outros distúrbios hematológicos autoimunes, como a trombocitopenia.
- Esclerose Sistêmica (Esclerodermia): Pode provocar anemia, muitas vezes ligada à má absorção de nutrientes, e, em casos mais graves, microangiopatia trombótica (destruição dos glóbulos vermelhos nos pequenos vasos).
- Doença Celíaca: Embora seja mais conhecida por afetar o intestino, pode causar anemia ferropriva ou anemia por deficiência de B12, bem como trombocitopenia em casos autoimunes associados.
- Síndrome de Sjögren: Pode estar associada à anemia hemolítica, neutropenia ou trombocitopenia devido à ativação autoimune contra células sanguíneas.
- Psoríase e Artrite Psoriásica: Além de sintomas articulares e cutâneos, pode haver risco de anemia ou trombocitopenia, especialmente se a doença for grave ou coexistir com outras condições autoimunes.
Esse leque de condições reforça a importância do acompanhamento com um hematologista. Alterações no sangue podem ser um dos primeiros sinais de que algo está errado, permitindo que o diagnóstico e o tratamento sejam iniciados precocemente.
Sinais de Alerta: Quando Procurar um Hematologista?
Os pacientes com doenças autoimunes devem ficar atentos aos sinais que indicam possíveis alterações no sangue, como:
- Cansaço extremo e persistente;
- Palidez e falta de ar (indicativos de anemia);
- Sangramentos anormais ou hematomas frequentes;
- Infecções recorrentes ou graves;
- Episódios de trombose ou inchaços repentinos nos membros.
O hematologista é o especialista indicado para investigar essas alterações, realizando exames detalhados e definindo o diagnóstico correto.
O Papel do Hematologista no Tratamento
O acompanhamento com o hematologista é essencial para o manejo dos distúrbios hematológicos em pacientes com doenças autoimunes. Entre as principais atuações desse especialista, destacam-se:
- Diagnóstico preciso – Exames específicos, como hemograma completo, testes de autoanticorpos e biópsia de medula óssea, ajudam a identificar a origem do problema.
- Definição do tratamento – O tratamento pode incluir:
- Medicamentos imunossupressores, como corticoides, para controlar a atividade do sistema imunológico;
- Transfusões sanguíneas em casos graves de anemia ou trombocitopenia;
- Anticoagulantes para prevenir ou tratar coágulos sanguíneos.
- Acompanhamento contínuo – Monitorar a eficácia do tratamento e prevenir complicações, como infecções ou crises autoimunes recorrentes.
As doenças autoimunes muitas vezes requerem o trabalho conjunto de diferentes especialistas. O hematologista atua em parceria com reumatologistas, imunologistas e outros profissionais para garantir um cuidado integral ao paciente, considerando as interações entre os sistemas do corpo.
Se você apresenta sintomas que podem indicar alterações hematológicas ou já foi diagnosticado com uma doença autoimune, não hesite em procurar um hematologista. O cuidado especializado pode fazer toda a diferença!